Diante do aumento de casos do novo coronavírus no Brasil, uma das
principais dúvidas da população e até mesmo dos cientistas é entender
como ocorre a transmissão da doença covid-19 em pacientes que não
apresentam sintomas.
A análise, realizada por um grupo de
cientistas chineses e americanos da Escola de Saúde Pública da
Universidade Columbia, em Nova York, ainda é uma estimativa, e não há
consenso entre os pesquisadores ao redor do mundo.
Em tese, o que o relatório aponta, na verdade, é que os pacientes que
desenvolvem a doença são duas vezes mais contagiosos. Porém, os grupos
de pessoas que carregam o vírus mas estão assintomáticos são até 6 vezes
mais numerosos. Ou seja: mesmo com a menor capacidade de infectar
outras pessoas, eles acabaram por se tornar os agentes que espalharam a
epidemia.
A análise dos cientistas levou em consideração os casos registrados em
Wuhan até 23 de janeiro - ou seja, antes de o governo da China impor o
toque de recolher e limitar a circulação das pessoas nas ruas das
cidades.
No Brasil, contudo, ainda não existem dados suficientes que comprovem
que uma pessoa assintomática dissemine mais o vírus do que o grupo de
pacientes que apresentam sintomas.
“Essa discussão é uma das grandes incertezas que nós temos”, disse
Rivaldo Venâncio, coordenador de vigilância em saúde e laboratórios da
Fiocruz.
Segundo o especialista, tradicionalmente, os vírus se replicam no
organismo do ser humano e tendem a estar presentes na corrente sanguínea
antes mesmo da manifestação clínica de sintomas, como a febre e a dor.
E esses vírus respiratórios - por exemplo o influenza - também podem
estar presentes na árvore pulmonar do paciente um pouco antes do início
da tosse ou do espirro.
“Ou seja, a pessoa ainda é assintomática e pode estar expelindo
partículas desses vírus. O que nós não temos certeza é se essas
partículas seriam viáveis, ou seja, se elas seriam partículas capazes de
infectar outras pessoas”, completa o especialista.
Para Venâncio, o papel da pessoa infectada assintomática, dentro da
cadeia de transmissão, tem sido objeto de inúmeras pesquisas em relação
ao coronavírus. O que os cientistas buscam compreender é a força dos
pacientes assintomáticos na disseminação da doença em cada país que está
enfrentando a epidemia.
Segundo Nancy Bellei, professora e médica infectologista da Escola
Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp),
o que torna difícil a compreensão do efeito do paciente assintomático é
que, mesmo que uma pessoa teste positivo para a doença e não tenha
sintomas naquele momento, é difícil controlar que ela não vá expressar
sintomas nas horas ou dias seguintes.
“A maior parte das transmissões não é por indivíduos assintomáticos. E a
gente não tem como cravar se aquele indivíduo assintomático não passou a
expressar sintomas no dia seguinte ou um tempo depois”, explica.
″É muito difícil de estabelecer o momento zero de quando a pessoa estava
assintomática e já estava com o vírus. Do ponto de vista
epidemiológico, não acreditamos que esse paciente tem o potencial
definidor da epidemia. O principal potencial de transmissão é no
paciente com sintomas, principalmente nos primeiros 5 a 7 dias da
doença”, conclui Bellei.
Por isso, medidas de prevenção com o uso de máscaras, lavar bem as mãos e
evitar o contato social são tão importantes para os pacientes que estão
com sintomas de gripe, reforça a especialista.
Como é a transmissão do coronavírus
O coronavírus, como outros vírus responsáveis por sintomas de gripe, é
transmitido pelo ar ou por contato pessoal a partir das secreções
contaminadas. É possível pegar por meio de tosse, catarro, saliva, toque
ou aperto de mão e contato com superfícies e objetos contaminados.
O seu período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o
aparecimento dos sintomas é de um a 14 dias, mas o os pacientes
infectados costumam apresentar sintomas em até 5 dias.
E, apesar da alta capacidade de disseminação do novo coronavírus, em
cerca de 80% dos casos de contaminação, os sintomas aparecem de forma
leve. Menos de 5% dos casos evoluem para um quadro grave. A principal
preocupação é com idosos e pessoas com doenças crônicas. Em infectados
com menos de 50 anos, a taxa de mortalidade é de menos de 1%.
Devo fazer um exame para ver se estou com coronavírus?
De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, atualmente, apenas
pessoas que expressam sintomas respiratórios graves devem ser submetidas
ao teste para não sobrecarregar o sistema de saúde.
Para os pacientes que expressam manifestações clínicas mais brandas,
basta o exame médico e a recomendação de tratamento de acordo com as
diretrizes do profissional.
Já para os assintomáticos, não há recomendação de teste e nem de tratamento.
Em casos eventuais de visita a países com alto índice de contágio, o
médico poderá solicitar ou não o teste para o coronavírus. Já em caso de
contato com pessoas infectadas, o direcionamento é observar se vai
existir a expressão de sintomas ou não.
Como funciona o teste do coronavírus?
O exame laboratorial, que consiste na coleta de secreção das vias aéreas
e na análise pelo método de biologia molecular, só pode ser realizado
sob prescrição médica.
“O resultado sai em até 24 horas, dependendo do laboratório em que é
realizado. Até sua finalização, o paciente permanece em observação e
isolamento domiciliar. Dependendo de sua condição clínica, ele pode ou
não ficar internado”, explica Emy Akiyama Gouveia, infectologista da
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Existe a possibilidade de o teste para o coronavírus acabar no Brasil?
Justamente por serem recursos finitos, os pacientes que devem ser
testados para o coronavírus passam por uma triagem em hospitais e
laboratórios.
A recomendação do Ministério é justamente só procurar o hospital caso
exista o agravamento dos sintomas. Antes disso, é preciso procurar uma
unidade de saúde de atenção básica.
“Dependendo da demanda da realização de exames e se muitos
assintomáticos realizarem o teste desnecessariamente, os insumos
necessários, como reagentes e swabs (haste estéril que serve para a
coleta de amostras microbiológicos), podem rapidamente acabar. É
importante que toda a população esteja ciente sobre a necessidade de
seguir as orientações da Vigilância Epidemiológica”, define a
infectologista.
O SUS (Sistema Único de Saúde) realiza o teste de graça para os
pacientes considerados suspeitos e, após acordo da ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar), os planos de saúde também são obrigados a
reembolsar o exame, que custa, em média, R$150 na rede privada de
saúde.
Diante do aumento de casos do novo coronavírus no Brasil, uma das
principais dúvidas da população e até mesmo dos cientistas é entender
como ocorre a transmissão da doença covid-19 em pacientes que não
apresentam sintomas.
A análise, realizada por um grupo de
cientistas chineses e americanos da Escola de Saúde Pública da
Universidade Columbia, em Nova York, ainda é uma estimativa, e não há
consenso entre os pesquisadores ao redor do mundo.
Em tese, o que o relatório aponta, na verdade, é que os pacientes que
desenvolvem a doença são duas vezes mais contagiosos. Porém, os grupos
de pessoas que carregam o vírus mas estão assintomáticos são até 6 vezes
mais numerosos. Ou seja: mesmo com a menor capacidade de infectar
outras pessoas, eles acabaram por se tornar os agentes que espalharam a
epidemia.
A análise dos cientistas levou em consideração os casos registrados em
Wuhan até 23 de janeiro - ou seja, antes de o governo da China impor o
toque de recolher e limitar a circulação das pessoas nas ruas das
cidades.
No Brasil, contudo, ainda não existem dados suficientes que comprovem
que uma pessoa assintomática dissemine mais o vírus do que o grupo de
pacientes que apresentam sintomas.
“Essa discussão é uma das grandes incertezas que nós temos”, disse
Rivaldo Venâncio, coordenador de vigilância em saúde e laboratórios da
Fiocruz.
Segundo o especialista, tradicionalmente, os vírus se replicam no
organismo do ser humano e tendem a estar presentes na corrente sanguínea
antes mesmo da manifestação clínica de sintomas, como a febre e a dor.
E esses vírus respiratórios - por exemplo o influenza - também podem
estar presentes na árvore pulmonar do paciente um pouco antes do início
da tosse ou do espirro.
“Ou seja, a pessoa ainda é assintomática e pode estar expelindo
partículas desses vírus. O que nós não temos certeza é se essas
partículas seriam viáveis, ou seja, se elas seriam partículas capazes de
infectar outras pessoas”, completa o especialista.
Para Venâncio, o papel da pessoa infectada assintomática, dentro da
cadeia de transmissão, tem sido objeto de inúmeras pesquisas em relação
ao coronavírus. O que os cientistas buscam compreender é a força dos
pacientes assintomáticos na disseminação da doença em cada país que está
enfrentando a epidemia.
Segundo Nancy Bellei, professora e médica infectologista da Escola
Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp),
o que torna difícil a compreensão do efeito do paciente assintomático é
que, mesmo que uma pessoa teste positivo para a doença e não tenha
sintomas naquele momento, é difícil controlar que ela não vá expressar
sintomas nas horas ou dias seguintes.
“A maior parte das transmissões não é por indivíduos assintomáticos. E a
gente não tem como cravar se aquele indivíduo assintomático não passou a
expressar sintomas no dia seguinte ou um tempo depois”, explica.
″É muito difícil de estabelecer o momento zero de quando a pessoa estava
assintomática e já estava com o vírus. Do ponto de vista
epidemiológico, não acreditamos que esse paciente tem o potencial
definidor da epidemia. O principal potencial de transmissão é no
paciente com sintomas, principalmente nos primeiros 5 a 7 dias da
doença”, conclui Bellei.
Por isso, medidas de prevenção com o uso de máscaras, lavar bem as mãos e
evitar o contato social são tão importantes para os pacientes que estão
com sintomas de gripe, reforça a especialista.
Como é a transmissão do coronavírus
O coronavírus, como outros vírus responsáveis por sintomas de gripe, é
transmitido pelo ar ou por contato pessoal a partir das secreções
contaminadas. É possível pegar por meio de tosse, catarro, saliva, toque
ou aperto de mão e contato com superfícies e objetos contaminados.
O seu período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o
aparecimento dos sintomas é de um a 14 dias, mas o os pacientes
infectados costumam apresentar sintomas em até 5 dias.
E, apesar da alta capacidade de disseminação do novo coronavírus, em
cerca de 80% dos casos de contaminação, os sintomas aparecem de forma
leve. Menos de 5% dos casos evoluem para um quadro grave. A principal
preocupação é com idosos e pessoas com doenças crônicas. Em infectados
com menos de 50 anos, a taxa de mortalidade é de menos de 1%.
Devo fazer um exame para ver se estou com coronavírus?
De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, atualmente, apenas
pessoas que expressam sintomas respiratórios graves devem ser submetidas
ao teste para não sobrecarregar o sistema de saúde.
Para os pacientes que expressam manifestações clínicas mais brandas,
basta o exame médico e a recomendação de tratamento de acordo com as
diretrizes do profissional.
Já para os assintomáticos, não há recomendação de teste e nem de tratamento.
Em casos eventuais de visita a países com alto índice de contágio, o
médico poderá solicitar ou não o teste para o coronavírus. Já em caso de
contato com pessoas infectadas, o direcionamento é observar se vai
existir a expressão de sintomas ou não.
Como funciona o teste do coronavírus?
O exame laboratorial, que consiste na coleta de secreção das vias aéreas
e na análise pelo método de biologia molecular, só pode ser realizado
sob prescrição médica.
“O resultado sai em até 24 horas, dependendo do laboratório em que é
realizado. Até sua finalização, o paciente permanece em observação e
isolamento domiciliar. Dependendo de sua condição clínica, ele pode ou
não ficar internado”, explica Emy Akiyama Gouveia, infectologista da
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Existe a possibilidade de o teste para o coronavírus acabar no Brasil?
Justamente por serem recursos finitos, os pacientes que devem ser
testados para o coronavírus passam por uma triagem em hospitais e
laboratórios.
A recomendação do Ministério é justamente só procurar o hospital caso
exista o agravamento dos sintomas. Antes disso, é preciso procurar uma
unidade de saúde de atenção básica.
“Dependendo da demanda da realização de exames e se muitos
assintomáticos realizarem o teste desnecessariamente, os insumos
necessários, como reagentes e swabs (haste estéril que serve para a
coleta de amostras microbiológicos), podem rapidamente acabar. É
importante que toda a população esteja ciente sobre a necessidade de
seguir as orientações da Vigilância Epidemiológica”, define a
infectologista.
O SUS (Sistema Único de Saúde) realiza o teste de graça para os
pacientes considerados suspeitos e, após acordo da ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar), os planos de saúde também são obrigados a
reembolsar o exame, que custa, em média, R$150 na rede privada de
saúde.
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